Redefinindo a Gestão do SNS
Autonomia Executiva e um Novo Papel para o Ministério da Saúde
Os médicos estão numa crise de frustração motivada pelas retribuições, mas, sobretudo, pela perda de autonomia e pela falta de reconhecimento das direcções das instituições. Num excelente artigo de opinião no Público o médico e deputado António Lacerda Sales coloca o dedo nesta importante ferida.
Poderá ler este artigo (para assinantes) aqui:
https://lnkd.in/dJEYNpwV
É, por isso, urgente que ocorra uma efetiva separação de poderes entre a tutela e a gestão do SNS deixando que seja agora a nova Direção Executiva a estabelecer uma nova cultura de gestão, criando esse necessário espírito de corpo entre todos os dirigentes e colaboradores do SNS, através de novos estilos de liderança, com mais empatia e comunicação compassiva.
Quando digo que a tutela terá que sair de cena na gestão do SNS isso não significa que o Ministro da Saúde não deixe de desempenhar um papel crucial na gestão do Sistema Nacional de Saúde no seu conjunto, antes pelo contrário.
Esta proposta defende que o poder executivo, que tradicionalmente sempre esteve com o Ministério da Saúde deve agora ser delegado à Direção Executiva ou CEO do SNS. Esta mudança irá permitir uma gestão mais focada, especializada e eficiente dos recursos que são empregues pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em vez de ter um papel executivo, o Ministro da Saúde passa a ser um facilitador de todo o sistema, garantindo a colaboração entre as diferentes partes que compõem o sistema nacional de saúde com o SNS para que este possa cumprir a sua missão principal, o seu "core business", que é o de humanizar a saúde e assegurar um acesso inclusivo e equitativo aos cuidados que presta em Portugal continental, tal como os seus equivalentes o fazem já nas nossas regiões autónomas.
Se esta mudança for implementada corretamente, isso pode levar a melhorias significativas tanto na satisfação dos profissionais de saúde quanto na qualidade do atendimento prestado aos cidadãos, garantindo a sustentabilidade financeira não apenas do SNS mas de todo o sistema de saúde.
Sobre o autor
Paulo Nunes de Abreu é autor e editor da série de livros "Arquitetar a Colaboração", que aborda princípios, métodos e técnicas de facilitação de grupos. A sua trajetória internacional e experiência em várias organizações moldaram uma abordagem voltada para estratégias de colaboração e para o desenvolvimento sustentado.
Licenciado em Psicologia Social e das Organizações, com um mestrado em Gestão de Informação e um doutoramento em Ciências da Gestão. Foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento em Soft Systems Methodology na Universidade de Lancaster em 2000.
Além da sua carreira académica, acumulou ampla experiência como consultor, trabalhando com várias instituições e empresas, incluindo o Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência, o Governo Regional da Madeira, o Ministério da Saúde de Portugal e a PWC em Espanha. Está certificado como facilitador profissional pela IAF (International Association of Facilitators) desde 2018.
Paulo Nunes de Abreu desempenhou um papel fundamental na concepção das Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e foi co-fundador do Fórum Hospital do Futuro em Portugal. Desde 2022, ele é cofundador da Debate Exímio, Lda, uma empresa dedicada à gestão das plataformas cívicas Digital Health Portugal e Health Data Forum.
Sobre o Think Tank SNS de Contas Certas
O Think Tank SNS de Contas Certas é uma iniciativa conjunta do Fórum Hospital do Futuro e Digital Health Portugal, em colaboração com diversos parceiros, com o objetivo de promover a sustentabilidade e a inovação no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Com foco na criação de estratégias práticas e adaptadas às necessidades locais, o Think Tank reúne decisores políticos, especialistas, investigadores e líderes de opinião para debater os grandes desafios e oportunidades do SNS. Desde a coordenação intergovernamental à descentralização de competências, passando pela integração dos setores público, privado e social, somos um espaço de reflexão e cocriação para a transformação do SNS.
Através de plenários, entrevistas e estudos continuos, esta iniciativa visa não apenas identificar boas práticas, mas também implementar soluções que promovam a equidade, eficiência e proximidade no acesso aos cuidados de saúde.
Saiba mais em www.saudesustentavel.pt.
